segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Como se preparar um tradicional chá chinês

Se te pedissem pra descrever a China em 5 palavras, quais seriam? No meu caso seria: budismo, produção, dragão, vermelho e chá. Não tem como negar, o chá é um ícone da cultura chinesa e tem lá os seus devotos do outro lado do Pacífico (prefiro não citar nomes pra não esquecer de nenhum amigo..). 


Então lá fui eu, em uma tarde chuvosa de domingo, passear na Casa cultural de chá de Macau. Nessa casa/museu eles servem os 3 tipos de chás mais famosos em Macau, mas no domingo (das 15h às 16h - para quem se interessar) eles tem um especialista ensinando a técnica de preparação e degustação. O único problema é que é em cantonês, e se você não tiver a sorte de ter uma alma bondosa para traduzir, você não vai entender nada da parte conceitual. 


Enquanto aguardava o horário da demonstração, fui passear pelo museu. 





O chá está presente na cultura Chinesa desde pelo menos 618 D.C., quando deu início a dinastia Tang. 
Era considerado uma das sete necessidades diárias, sendo as outras a lenha, o arroz, o óleo, o sal, o molho de soja, e o vinagre. 
茶 - caracter chinês da palavra chá 




Só que o chá daqui não vem em pacotinho nem tem a marca do leão na caixinha. E nem se toma depressa, como que para acabar logo. 
Não só como fazer um chá, aprecia-lo faz parte do programa. Essa foto acima é uma representação de como seria tomar um chá em uma casa de família de classe média tradicionalmente chinesa. Parece super agradável, não é mesmo?  


Macau acabou se tornando uns dos principais locais de exportação de chá chinês durante o séc. XVII e fez muito sucesso por aqui. Ainda faz, mas existem umas lojas agora que vendem chá (gelado ou quente) de todos os sabores em copos de plástico tipo mc donalds, então eu acho que a tradição da erva e etc é coisa do passado.


Tentando resgatar a cultura do chá em Macau, o casa conta com um museu, uma lojinha,  uma sala para palestras e atividades, um ambiente simulando uma casa de chá tradicional, vários objetos de séculos passados e muita, mas muita, porcelana.




Embalagens de chá






Louças do período Qianlong, da dinastia Quing




Essa moça do lado esquerdo é especialista em chá e é ela quem faz as demonstrações. Como dá pra ver na foto acima, só tinha eu no museu. Começamos a conversar em inglês: eu falava uma coisa e ela fingia que entendia, e vice e versa.



No museu eles oferecem a prova dos três chás mais consumidos na região:
Pu’er
O chá Pu’er é um tipo de chá preto. São usadas as folhas verdes da variedade de folha grande de Yunnan com a superfície da folha lisa e cor vermelha acastanhada. É a variedade de chá mais consumida em Macau. Faz bem para digestão, ajuda a emagrecer e é bom para acalmar antes de dormir. 

Tieguanyin
O chá Tieguanyin é um tipo de chá oolong. É feito a partir de folhas de chá da variedade de arbustos Tie Guan Yin. Chá perfeito para tomar de manhã depois de uma noite mal dormida. Ajuda a despertar e melhora a circulação.

Shoumei (Sobrancelha da Longevidade)
O chá Shoumei, também conhecido por gongmei, é um género de chá branco principalmente produzido na província de Fujian e na sua maior parte exportado para Macau e Hong Kong. Ganhou o apelido de Sobrancelha da longevidade graças à forma das suas folhas, muito semelhante à das sobrancelhas de uma pessoa idosa.






Uma coisa que eu já tinha vivido mas nunca soube como nem porquê, de um tipo de erva é possível fazer vários chás. Tudo depende da quantidade, temperatura da água e forma de preparo. De cada um dos três tipos que eu descrevi acima, a "moça do chá" (esqueci o nome dela, desculpa) fez 3 variações do mesmo chá, usando a mesma quantidade de erva, na mesma xícara, só variando o tempo de infusão e de 'descanso' (não sei se esse é o termo certo) do chá. 
Quando fui perguntar pra ela como que ela sabia os tempos certos de preparo dos chás e ela falou que nem conta o tempo, sente pelo cheiro e principalmente pela cor. Ao final da degustação de cada um dos tipos, ela me indicava para cheirar a xícara vazia e ver como os cheiros eram diferentes. E eram incrivelmente diferentes!


Perguntei para moça do chá se há um tipo de louça para cada ocasião e eu não sei aonde foi o erro de comunicação mas eu só entendi que as brancas, sem bordas pintadas, são mais fáceis para aqueles que ainda não sabem fazer um chá muito bem, porque podem observar a cor sem nenhum interferência. Perguntei se a xícara tinha que ser toda branca ou podia ter essa florzinha bonitinha ou algum detalhe, e ela disse que quando mais bonita for a pintura, mais chique ela é. Eu imagino que as que tem borda de ouro são iguais as louças de prata da minha vó: só sai do armário se a visita for muito, mas muito especial. 


 Uma das coisas que mais me fascinou foi a dança que ela fazia com as mãos enquanto preparava o chá. Tudo era coordenado e ritmado, uma leveza indescritível. 




Fiz um vídeo de todo o processo de preparação do chá Tieguanyin, e o mais legal foi que durante a filmagem chegou uma família chinesa para degustar também. Aí vocês vão entender porque eu só fico me comunico na mímica aqui.

Comentários:
- Ela primeiro passa uma água quente em tudo, para limpar o gosto do chá que ela tinha feito anteriormente;
- A água não pode estar muito quente (exceto o Pu'er - chá preto, em que a água deve estar em uma temperatura mais elevada);
- Essa primeira vez que ela coloca a água na xícara, é para "lavar" a erva e fazer com o aroma, sabor e cor seja  intensificados;
- Eu pedi pra ela me filmar para vocês verem minha cara de "provando coisa nova - que medo"e pra matarem a saudade também rs.

Vou tentar descobrir algumas lojas de chá tradicionais aqui e me abastecer para o inverno. Por enquanto, eu fico na água e no suco de maça da coca-cola, mas tenho certeza que o chá da tal sobrancelha da longevidade vai ser meu companheiro de quarto nos próximos meses. 



sábado, 24 de setembro de 2011

Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau

Um evento que acontece há mais de 20 anos e tem clima de réveillon em Copacabana - o concurso internacional de fogo de artifício de Macau foi o meu programa de sábado a noite.
Ao longo da baia que separa as ilhas de Macau e Taipa, centenas de chineses e turistas foram ver duas equipes que competiram na noite passada. São ao todo 10 equipes do mundo todo, que se apresentam em 5 sábados.

Tinha de tudo: família, indiano, casais, churrasco e muitos fotógrafos. Hoje descobri que a organização do evento promove um concurso de fotografia durante o festival, e estou pensando em fotografar de verdade na próxima semana.

Ontem as equipes que se apresentaram foram de Portugal e das Filipinas. Cada apresentação dura cerca de 15 minutos e parece muito ano novo do Brasil. Todos falando "uaaaah" ou "ooooh", e aplaudem ao final de cada show. Tudo bem, não é como passar a virada do ano na beira da praia do Leme com a família, mas é um espetáculo maravilhoso.

Tirei algumas fotos com a minha câmerazinha, mas se eu voltar lá no próximo fim de semana postarei mais coisas.












sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Panda-lá

Hoje não tive aula e resolvi fazer um programa de turista. Fui visitar o parque de Seac Pai Van, que fica entre as ilhas Taipa e Colloane. O parque é conhecido por causa dos pandas gigantes,  mas tinham me falado que o passeio só valia a pena por causa do parque, porque os pandas estavam sempre dormindo. Resolvi arriscar e me encantei com o que eu vi. 



Pra começar, o parque realmente é lindo! Tudo muito bem cuidado, organizado, limpo, sinalizado e com guardinhas simpáticos aos visitantes (coisa rara aqui).






Eles tem esses ursos nos jardins que eu acho que são peitos de papel. O que tinha escrito estava em mandarim. Então eu fico no achismo. 




Esse balcão com carimbos tem pelo parque todo. Na lojinha do parque, eles vendem um passaporte do parque por R$5,00 e você vai carimbando por onde passa. Eu, como só fui saber desse passaporte na saída, carimbei meu moleskine e alguns postais que peguei na entrada. Achei uma ótima ideia e todos os carimbos são lindos. 



A entrada do parque é gratuita, mas para ver os pandas o ingresso custo 10 MOP (mais ou menos R$2,50). 



Esse é a entrada para os pandas, chamado de Pavilhão dos Pandas Gigantes. Não sei se vocês conseguem ver, mas é tudo tão perfeito que as paredes são pedras. 




Existem duas "casas" como essa. Só uma está habitada por enquanto.



Na hora que eu cheguei a equipe de veterinários estava trocando os bambus e verificando algumas coisas no local. Tudo durou menos de 3 minutos.


E aí eles vieram comer! Estão nessa jaula um macho e uma fêmea, e um guardinha gente boa ficava dando explicando algumas coisas em cantonês e um chinês ia traduzindo pra mim. 


Agora vem a série de fotos deles! Fiquei quase 1 hora lá dentro e tirei várias. Quando eu comprar meu equipamento quero voltar lá e tirar algumas melhores. Mas pra matar a curiosidade, essas dão de sobra!







O panda é o animal nacional da China, segundo a wikipedia. 












Quando eles começam a brincar assim não tem um que não faça "Aaaaaaaahhhhhh" e que não ria quando eles descem rolando o morro. 


Claro que eu fiquei alucinada com eles e cheguei a pensar em trocar meu futuro buldogue francês por um filhote de panda!



Isso é um coco de panda gigante. Imagina o fedor! (Acho que vou querer um cachorro mesmo)




Além dos pandas, o parque tem um mini zoológico, um Museu Natural e Agrário, parque infantil, lanchonete, lojinha e uma trilha chamada de Percurso Interpretativo de Seac Pai Van.





É claro que eu fui em tudo, inclusive na trilha. No início achei tranquilo, bem sinalizado, ainda dava pra ver o parque. 




Mais ai começaram as escadas, e mais escadas, e mais escadas. Quem me conhece sabe que eu tenho uma preguiça enorme de andar, mas era a primeira vez que eu entrava em uma montanha na China, não podia desistir.




Depois de quase meia hora de subida, sem água, sem sinal de nenhum humano no caminho, eu comecei a ficar com um pouquinho de medo. Comecei a pensar quais os bichos poderiam habitar uma floresta chinesa e quando mais eu andava mais ouvia barulhos no mato que beirava a trilha. Primeiro medo na China, mas superei com dignidade (desci correndo dignamente, digamos) e fiquei mais tranquila quando vi um templo e um pedaço do parque por entre as folhas. Aí foi só continuar a descer, descer, descer.



Para aqueles que planejam vir a Macau algum dia e tiver tempo, vale a pena ir nesse parque. Eu, como estou tentando descobrir cada beco da cidade e cada atividade turistica, tive uma tarde maravilhosa na companhia da bicharada!



Site do parque: http://www.macaupanda.org.mo